sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ANFETAMIDIA

Conseqüência Narco-trágica. 

Poderoso estimulante, lícito, a Anfetamídia age através de cada vez mais tecnologia. Plasma e Home Theater, alta definição e stereo digital dividido em vários pontos, colocam o usuário para dentro da programação das dezenas de canais, contendo vinhetas e propagandas recheadas de imagens com efeitos digitais extremamente velozes numa atmosfera lisérgica, uma mega descarga de informações repetitivas. Nada mais é que uma overdose de emoções e estímulos como o encontrado em qualquer outra droga. As alterações do efeito narcótico nas funções biológicas vitais são de imediatas identificadas, como; descontrole do sono, perda de libido, problemas oftalmicos e perda de interesse pela qualidade de vida e prazer das refeições e seus rituais, passamos a consumir alimento pronto de dosagem individual, agregando mais poder ao efeito da Anfetamidia que se potencializa ao substituirmos as refeições in natura por fast-food’s, guloseimas e bebidas industrializadas que contém altíssimos teores de açúcares e substâncias estimulantes, intrigantemente é que sofremos o ócio pela magnitude da dosagem. A obesidade é o resultado mais comum com o passar dos anos, causa do estranho poder de deixar o usuário “ligado” embora letárgico, fazendo com que individuo utilize o controle remoto ou o mouse em altíssima ansiedade, num estado de mórbida excitação.

O efeito “narcotrágico” é sedativo físico e estimulante psíquico e vem suprir a necessidade humana de transcender a realidade e aliviar o fator existencial dentro do cotidiano. Quando dependente catatônico, o individuo descarta a sociabilidade e acometesse pela incapacidade de reconhecer o equilíbrio do argumento ante ao conteúdo, a descarga de informação e suas subliminares na era digital são tão grandes e rápidas que o discernimento e a memória passam a ser consumidos de forma duvidosa. Conceitos, princípios e sabedoria são fatores que aplicados e exercitados somente através da convivência, durante toda a vida aprendemos com esses fatores extremamente necessários a nossa evolução existencial. Prazer individualista, hoje em dia cada um tem seu “aparelho”, pois a oferta de programação é tanta que não toleramos mais dividir o controle remoto ou o mouse, isolando-nos. 
Como conseqüência a sociabilidade, convivência e a cultura ancestral convalescem, principalmente quando deixamos de interagir em grupo dentro da própria família para não deixar de assistir fatos de pouco valor coletivo em episódios da realidade familiar ou cotidiana de um personagem fictício ou do acaso, sem sequer notar que nesse espaço de tempo, substituímos pela virtualidade aquilo que deixamos de vivenciar. Dependência catatônica por horas em velocidade hipnótica causa obesidade.

Disfarçadamente com o propósito de informar, “a notícia”, que deve prezar o fato e a realidade dos acontecimentos, passa para segundo plano dando lugar ao sensacionalismo, cobertura de crimes urbanos cruéis numa dramaturgia de exagerada relevância, capítulos diários de simulações digitais e perícias insinuantes e emotivas que transcendem a entreter. A Anfetamidia banaliza o valor e relevância da formação de opinião, causa alienação por não dar tempo para o usuário refletir, em conseqüência da quantidade de estímulos e detalhes que a linguagem da velocidade digital proporciona.
Aparecer para “ser”, a celebridade é a nova ferramenta de dependência desta droga que estimula a hiper-exposição como trunfo. Causa alienação sem dar tempo para o usuário refletir.

Texto de Leonardo Amaral Bastos.

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